26 de junho de 2009

Mudanças...

É uma tentativa, não vou excluir isso aqui.

Vamos provar um pouquinho do wordpress!!

Ponto & Vírgula, blog "reformado": www.melsternberg.wordpress.com

Vejo vocês lá!

Beeijo!

19 de junho de 2009

Ridendo Castigat Mores

Trabalho de História, 2º bimestre. Contém SPOILERS


Década de 1960. Auge da Guerra Fria. O embate indireto entre EUA e URSS começava a deixar claro que qualquer faísca liberada por um dos dois lados poderia, a qualquer momento, gerar uma guerra onde não haveria vencedores. Quando os EUA lançaram as bombas atômicas em Hiroshima e Nagazaki em 1945 estava lançada uma mensagem política: os norte-americanos têm poder de destruição e não têm medo de usá-los. Após a destruição dos regimes nazifascistas da Europa, a nova ameaça para a terra do Tio Sam era o comunismo de Stalin e era para ele essa mensagem.

A partir de então, uma corrida nuclear teve início. As duas superpotências passaram a ter nas mãos a decisão de varrer da Terra seus inimigos (e com eles o resto do mundo). O imaginário da população norte-americana foi, então, alimentado pelo discurso anticomunista. Propagandas na televisão e filmes que plantavam a semente da dúvida afirmavam quem era o inimigo e que ele podia estar em qualquer parte, se infiltrando na sociedade e destruindo seus pilares.

Foi com base na combinação entre a paranoia e a corrida que podia levar ao fim do mundo que Stanley Kubrick adaptou o livro Red Alert (Peter Bryant, 1958) para as telas do cinema com o nome de “Dr. Strangelove or: How I Learned to Stop Worrying and Love the Bomb” (“Dr. Fantástico”, em português). Ao contrário de seu contemporâneo Sidney Lumet, que abordou a combinação de uma forma dramática em Fail Safe (EUA, 1964), Kubrick optou por olhar o tema com os olhos da comédia. O resultado foram quatro indicações ao Oscar, seis indicações e três prêmios no BAFTA (British Academy of Film and Television Arts) e o Prêmio Bodil de melhor filme americano. Tamanho resultado deve-se a uma série de fatores combinados de forma genial por Kubrick, a começar pelo roteiro e a maneira como foi articulado.

O general americano Ripper (Sterling Hayden), tomado por uma teoria de que os soviéticos estariam envenenando seus fluidos corporais, envia um comando de ataque para um avião-bombardeiro que, em tese, só deveria ser ordenado pelo presidente. O avião, isolado por exigência do plano, prossegue com a missão enquanto o General Turgidson (George C. Scott) se reúne com o presidente Merkin Muffley (Peter Sellers) e seus homens na Sala de Guerra. Cabe a Lionel Mandrake (também interpretado por Seller), capitão britânico que está em serviço nos EUA, controlar Ripper que se suicida quando a base é invadida por tropas americanas que buscavam o código de bloqueio à missão que só o general conhecia. Na Sala de Guerra, Muffley convida o embaixador soviético Alexei de Sadesky (Peter Bull) para entrar e auxiliar no contato com o premier da URSS.

Bêbado, o premier afirma que tem uma máquina que dispara automaticamente capaz de destruir tudo. O embaixador Sadesky explica que os cientistas soviéticos fizeram a arma porque não teriam dinheiro para uma corrida armamentista e para uma corrida da paz enquanto ainda tinham que supri as necessidades do povo. No entanto, o diretor de desenvolvimento de armas, Dr. Strangelove (mais uma vez, Peter Sellers), afirma que essa é na verdade uma arma psicológica, para plantar o medo do ataque na cabeça do inimigo. Diante de um quadro praticamente irreversível de destruição (o avião do ataque permaneceu isolado e seguindo com a missão), Strangelove sugere um plano de continuidade da raça humana em lugares subterrâneos, no qual computadores selecionariam os melhores da raça para procriar e liderar uma nova sociedade. Enquanto fala sobre o plano, Turgidson descobre que Strangelove é na verdade Herk Vert Líber, um cientista alemão perito em guerra nuclear que passa a trabalhar para os EUA após a guerra. Durante sua narrativa, Strangelove começa a se exaltar: sua mão, como que por vontade própria, se levanta em direção ao presidente enquanto o chama de “fuhrer”. Num momento de êxtase, Dr. Strangelove se levanta de sua cadeira de rodas, momento que coincide com o momento em que o Major T. J. "King" Kong (Slim Pickens) cai junto com a bomba atômica em território soviético. O fim do mundo é representado com várias imagens de explosões ao som de “We’ll meet again” (“Nós nos encontraremos de novo”).

A cena final que se passa na Sala de Guerra é essencial para uma crítica importante revelada na obra de Kubrick. O diretor compara explicitamente a paranoia e a falta de limites alcançados por nazistas e, agora, por ambos os lados da Guerra Fria. A dimensão que “a guerra que não era guerra” havia tomado havia tomado tais proporções que seriam iguais ou piores à dimensão da destruição causada pelo nazismo. Nesse ponto da história, se encontravam de novo uma situação extrema e a falta de limites. O verdadeiro inimigo de ambos os pólos da Guerra Fria era, na verdade, a própria capacidade do ser humano de se autodestruir.

Outra questão levantada é a necessidade estranha que uma potência tem de sempre estar combatendo algo para se afirmar. Para os EUA, primeiro o nazismo, depois o comunismo e, atualmente, o terrorismo. Outro reencontro que acontecerá não se sabe onde nem quando e que pode levar a mais episódios que mostrem que essa capacidade de autodestruir-se do homem não tem freios, como demonstrado nos últimos combates da história.

Rindo e brincando com metáforas, Stanley Kubrick castiga os costumes e a paranoia americana, alertando sobre o que chegou muito perto de acontecer.

18 de junho de 2009

Sinal Fechado

Cá está meu trabalho de Fotojornalismo do 2º bimestre.
Espero que gostem!!!

13 de junho de 2009

Em um blog não tão distante... (2)

Queridos leitores (Mel, você precisa parar de falar sozinha...),

É com imenso prazer que os convido pra ler o meu trabalho de Sociologia da Comunicação que está postado no blog Sociologia em rede (tá na listinha aqui do lado também). A proposta do trabalho é que todos os alunos postem nesse blog textos sobre os temas sorteados para cada grupo, separando-os por marcadores. Meu tema é Liberdade de Expressão.

O blog tá ficando muito legal e até terça (data limite pras pessoas postarem antes do professor dar nota) todos os temas que envolvem Sociologia da Comunicação estarão lá.

COMENTEM NOS NOSSOS POSTS POR FAVOR!! O professor vai gostar de ter criado uma "esfera pública" para discussão através dos posts de seus aluninhos xD

Obrigada desde já!


*

Só uma coisa... Eu esqueci de avisar que depois da data de "entrega" dos trabalhos o professor ia bloquear a entrada de pessoas pra poder "corrigir" os trabalhos. Todos nós esperamos que o blog volte ao ar nas férias (o que significa que eu saberei minha nota logo, hahah)... Mas enfim, obrigada aos que tentaram! Hahahahah

10 de junho de 2009

Subfeelings 4

2 minutos, aproximadamente, até o trem chegar.
Mais uns 2 minutos pra cada estação. 6, então.
8 minutos. 8 minutos por dia era o tempo que aquela rotina caótica dava aos dois.

Os melhores 8 minutos daquele dia, com certeza, mas eram 480 segundos que deixavam uma saudade que podia durar dias. Dias que passam mais devagar que os metrôs da linha vermelha, mais arrastados que alguém na multidão da Sé às seis da tarde e mais vazios que a estação Klabin.

Maldito tempo. Maldita falta de tempo.
Maldita vida moderna. Maldita falta de vida.

Tudo o que ela queria era poder transformar aqueles minutos em horas, ao mesmo tempo que trocaria a eternidade por qualquer segundo ao seu lado.

2 de maio de 2009

Cores ao nosso redor

Céu azul, folhas verdes, cores vivas de uma camiseta colorida. Tudo sorri.

Ou não.

Dia cinza, quase garoa, tudo desbotado - inclusive nossos velhos tênis - e ainda assim tudo sorri.


Tudo sorri porque você está ali, comigo. Não importam as cores, nossos pequenos oásis urbanos sempre terão o mesmo tom, o mesmo som de um acorde qualquer numa melodia alegre e o mesmo objetivo: fugir do resto do mundo e desembarcar nos teus braços.

E isso tudo às vezes sem dizer uma palavra. Só olhando os teus olhos sorrirem como as cores ao nosso redor, trocando carinho, acalmando as angústias com um toque - dos dedos, dos lábios, das palavras, dos olhos.

Silêncio esse que diz mais que qualquer conversa quando somos dois. Que ora se quebra com o sorriso das cores ao nosso redor ora com o barulho de carros ou pessoas passando com pressa pelos nossos oásis. Mesmo silêncio que traz desconforto na hora de ir embora. Porque eu sei pode demorar até eu te ver de novo, e até esse momento as cores podem não sorrir mais pra mim.

29 de abril de 2009

O direito de ir e vir sobre rodas

O ônibus para no ponto. Nada fora do comum, se não fosse o fato de motorista e cobrador descerem dele. Ninguém entende o que se passa até um rapaz numa cadeira de rodas entrar pela porta da frente, carregado por ambos. Depois de acomodado num espaço reservado para usuários de cadeira de rodas, motorista e cobrador voltam para suas funções. Segue o ônibus.

Esta é a descrição de um procedimento adotado pelos funcionários do transporte público paulistano. Apesar de, por lei, cada linha ter no mínimo um ônibus adaptado para deficientes físicos e este ter horário determinado pela SPTrans para passar no ponto, a demanda exige improvisos de motoristas e cobradores para “acoplar” o passageiro. “A gente recebe um treinamento na garagem, todo mundo, de vinte em vinte. Tudo pela SPTrans”, afirma Maurício Aurélio Zalin, cobrador da linha 7725-10. No treinamento, todos os funcionários aprendem a auxiliar pessoas com mobilidade reduzida para que o passageiro não perca a viagem. “Mesmo assim eles usam mais o ATENDE, que também é de graça.”

O Sistema de Atendimento Especial (ATENDE) foi criado para portadores de deficiência física que não podem utilizar o transporte público pela dificuldade de chegar até ele ou de transitar com ele. O sistema porta a porta garante ao usuário a segurança de chegar ao destino sem problemas de locomoção, com hora marcada e, se necessário, com um acompanhante. Os critérios adotados para a inscrição estão na ficha cadastral que deve ser preenchida e entregue em um dos postos da SPTrans pela cidade, disponível no site.

A frota do ATENDE atualmente conta com 268 veículos tipo van que transitam somente dentro da cidade de São Paulo. Para Maria Helena Gomide, assistente social da Associação Brasileira de Distrofia Muscular (ABDIM), o sistema ainda tem falhas. Para Helena, muitos usuários são excluídos por não obedecerem aos critérios determinados pela SPTrans e por morarem fora dos limites do município paulista. Há mais de 3000 pessoas em lista de espera atualmente. Para estes usuários, a opção é o transporte público comum ou os serviços particulares, como o Projeto Carona e a empresa Happy Life. Alguns táxis adaptados também circulam pela cidade, cobrando com tarifa comum aos demais passageiros.

Tornar os critérios de seleção mais flexíveis e aumentar a frota de carros do ATENDE não são as únicas medidas a serem tomadas. É também preciso um conjunto de ações entre as prefeituras da Grande São Paulo em prol da melhor conservação de veículos e das calçadas, além de aumentar o número de ônibus adaptados para portadores de deficiência física, garantindo assim o tão zelado pelo homem direito de ir e vir desses cidadãos.

*

Agradecimentos especiais:

  • Maria Helena Gomide, pela atenção e pela entrevista;
  • Maurício Aurélio Zalin, pela simpatia e pela entrevista;
  • André Hidemi, pela disposição;
  • Noa, pela "edição";
  • Professor Celso Unzelte, por ensinar a técnica;
  • Yvonne Zamboni Adissi, por ensinar a arte.

8 de abril de 2009

Dois perdidos

Siiim, fictício. Totalmente. Sem nenhuma inspiração em alguma coisa que aconteceu. Sério. Não é pra ninguém, não tem um "muso inspirador" nem nada do gênero.
Siiim, eu tenho problemas pra dar nome a personagens.
Siiim, discurso direto.
Siiim, Arnaldo Antunes no título \o/


*


Um abraço dele.

- Eu ainda gosto de você, sabia?

Ainda envolta em seus braços, ela fez que sim com a cabeça. Aos poucos o corpo voltava da ponta dos pés para o nível do chão.

- O que aconteceu com a gente, então?
- O que não aconteceu, você quis dizer... - E ele abaixou a cabeça procurando uma resposta no tempo que desgastou o velho tênis de lona.

Um carinho dela.

- E o que a gente faz agora?
- Seguir em frente é uma opção?
- Talvez... - e um sorriso sem cor.

Uma rajada de vento paulista.

E um beijo dela.

No rosto dele.

1 de abril de 2009

Em um blog não tão distante...

Olá olá!
Siiiim, estou viva! Mas não vim colocar nada novo aqui por enquanto. Só passei mesmo pra contar que postei um texto no Clube de Cinema, aquele blog aqui da listinha do lado onde Etapados e Ex-Etapados postam suas opiniões e questionamentos sobre diversos filmes. Passem por lá ;D
Divirtam-se!

15 de março de 2009

A vida não é filme

Nãão, não é tema repetido!

Hoje vou colocar um trabalho pedido pelo meu professor de Jornalismo Básico I, Celso Unzelte. A proposta foi simples: fazer um texto sobre nós mesmos usando como base qualquer gênero de texto jornalístico (resenha, entrevista, notícia, etc). Fiz então este texto no estilo "máquina do tempo" com base em um assunto que já foi colocado aqui.
E eu não posso deixar de agradecer à Lu, que fez a ilustração pro trabalho. Muito obrigada, Lu!!!

*

São Paulo, 11 de março de 2015.


Quantos adolescentes não se identificaram com personagens de filmes? Quantos não chegaram inclusive a ponto de imaginar que a própria vida é um filme? Melina Sternberg concluiu exatamente o contrário quando tinha 17 anos. “Além das coisas nunca se encaixarem perfeitamente como nos filmes, o roteiro da vida de cada um depende também do roteiro da vida de outras pessoas. Está tudo interligado e em constante movimento”. Para provar sua tese, produziu e dirigiu o longa que estréia essa semana no circuito paulistano de cinema independente.

“A vida não é filme” trata de uma sequência não cronológica de fatos sobre a história de Mel. Para que a veracidade das cenas fosse mantida, Melina, que não aparece nas telas, demorou três anos para escolher seu elenco a dedo. “E não tem essa de mocinho maravilhoso e vilã feiosa porque essas coisas só existem nos filmes”, ironiza a (de fato) autora da história, que disse não ter medo da exposição em excesso. “Hoje em dia, todos têm a sua vida publicada em blogs, no orkut, no youtube. Só estou mudando de mídia”.

O filme é dividido em blocos como capítulos de um livro, que passam por sua infância na Vila Mariana, a mudança para o Colégio Etapa, as relações com seus pais, irmãos e avós e o contato com o movimento juvenil judaico Chazit Hanoar, elementos de sua vida que moldaram a Melina que conhecemos hoje. A falta de uma linha cronológica deixa a dúvida sobre o que é o presente e o que são memórias. Para a própria diretora foi difícil organizar tudo no roteiro “principalmente do ponto de vista emocional. Além disso, nem todas as pessoas que participaram das cenas reais quiseram dar seus depoimentos”.

A trilha sonora, que inclui Vinícius de Moraes, Móveis Coloniais de Acaju, Skank e Yann Tiersen entre outros músicos e bandas selecionados de acordo com o gosto da diretora, conta com músicas interpretadas pela própria Melina e pelo Grupo Vocal do Colégio Etapa de 2008 (“Juntar a turma toda pra gravar foi realmente difícil!”). Também é possível conferir a canção “Amor Passageiro”, composta por ela em parceria com Nöa Capelas, jornalista da Revista Rolling Stone. Outros colegas de Mel também participaram da equipe do filme, como o cineasta Alcir Del’Guy, o psicólogo Felipe Farah, a escritora Tatiana Cukier e a designer gráfica Luiza Biasoto.

Entre típicas paisagens paulistanas como o Centro Cultural São Paulo e cenários mais íntimos como suas antigas residências, os erros, as peripécias, os amores platônicos e as alegrias de Melina diferenciam “A vida não é filme” de outros longas adolescentes. Sobre o final do filme, Mel afirma que “a maneira como as coisas não dão certo e como ocorrem sem planejamento deixa o clima constante de surpresa no ar que vai perseguir o desocupado espectador até os créditos de encerramento”. Nos resta aguardar essa mixagem de realidade e cinema.


“A vida não é filme”
Diretor: Melina Sternberg
Lançamento: 13 de março de 2015.

14 de março de 2009

Sem Consolação

Andar na Paulista naquele dia azul com nuvens brancas e brisa macia, ouvindo o barulho das folhas do parque Trianon e cantarolando "Chega de Saudade" poderia ser mais uma das infinitas cenas em que estava acompanhada por violão, amigos e carteira vazia. Violão talvez não, mas amigos e carteira vazia com certeza.

Mas dessa vez os pés que pisavam a nova calçada da Menina Paulista eram só dois e não no mínimo quatro, como antes. A canção não tinha mais várias vozes descoordenadas, era um só e envergonhado tom que não tinha como antes coragem pra ecoar do peito aberto para os pilares dos imensos edifícios.

Passa o Conjunto Nacional, passa o Center 3, passa o parque, passa o Masp, passa a feirinha, passa o prédio da Fiesp, passa a escadaria da Cásper, passa a Fnac, passa o Itaú, passa o Sesc. E durante o trajeto em linha reta só que não passou reto pela menina foi a saudade, essa menina mais danada que a Menina e que a menina.

10 de março de 2009

Fome de Leitura

Minha professora de Didática I, Denice Catani, da USP, nos pediu uma série de pequenos textos sobre nossa formação. De acordo com ela, quem quer interferir na formação alheia deve, no mínimo, refletir sobre a sua própria.

Com base no capítulo Memória de Livros do livro Um Brasileiro em Berlim , de João Ubaldo Ribeiro, o primeiro texto dessa série deveria retratar nossas relações com a leitura: o aprendizado da leitura, pessoas que nos incentivaram, o quanto gostamos de ler, etc.

O resultado está aí!
Divirtam-se! (E não reparem em repetições de palavras e outras cositas desse gênero. Aqui vale mais o conteúdo que a forma do texto).



Desde que me reconheço como um ser pensante, sei ler. Fui alfabetizada pelo método montessoriano aos quatro anos de idade. Mas antes de muitos livrinhos infantis recomendados pela escola e por minha mãe, eu já tinha uma profunda relação com a leitura: de acordo com mamãe, eu já devorava (literalmente) revistas aos oito meses de idade. Minha fome também refletiu na hora de pronunciar minha primeira palavra, “pão”.

Com um ano e oito meses entrei na Escola Irmã Catarina, na época localizada na rua Rodrigo Cláudio, na Aclimação. O método Montessori criou um ambiente propício para estímulos à leitura. Desde muito pequenos tínhamos contato com as letras do alfabeto e muito material era colocado à nossa disposição. Aos quatro anos, estava alfabetizada.

Uma série de livros infantis viviam entrando e saindo de casa. Minha mãe, que sempre leu muito, incentivava não só a leitura, como a cultura num todo. Ouvíamos e aprendíamos música, íamos ao teatro e ao cinema quase todo fim de semana (o passeio também incluía horas na parte infantil das livrarias dos shoppings). Por volta dos meus sete anos de idade, o gosto por teatro me levou a um passeio com a escola para o Sítio do Pica-Pau Amarelo. Ganhei também um livro da coleção.

Aos nove anos, ganhei de uma grande amiga da família o meu primeiro “grande” livro: Harry Potter e a Pedra Filosofal. Eu levava para a escola e lia durante todos os intervalos. O livro de cento e poucas páginas me acompanhou por um bom tempo. Eu marcava as páginas com bolinhas antes dos parágrafos que seriam começados.

Mas apesar de Potter ter me influenciado, a marca na minha história com a leitura veio definitivamente na quarta-série. Tia Cleide, professora incrível, nos passava diversos livros e, além disso, incentivava o debate sobre eles e nossa redação sobre os temas. A partir daí, passei não só a ler como a escrever ficção em poucos parágrafos. O gosto pela poesia também veio graças à Tia Cleide.

Enquanto isso, meu falecido Tio (-avô) Luigi insistia que eu lesse literatura internacional e seus grandes autores, mas não me dava muitos livros. Um dos poucos foi O Pequeno Príncipe. Quando o li pela primeira vez, não entendi nada. Outro livro que lembro ter me sido dado por meu tio foi O Continente 1, parte de O Tempo e o Vento, do Érico Veríssimo. O primeiro grande romance brasileiro que li (com 14 anos).

Durante todo o fundamental I tive “aulas de leitura” com a Tia Lia, atualmente aposentada. Ela nos passava exercícios com textos, basicamente de interpretação, e exigia também redações freqüentemente. Também pedia pesquisas (lembro-me bem de uma sobre o Pantanal). Talvez daí tenha saído o meu interesse pela área de comunicação e jornalismo.

No ginásio, minha professora de Português, Tia Rosa, pedia desde os livros da coleção Vagalume até versões adaptadas de Machado de Assis, Cervantes, entre outros. Li muitos livros do Pedro Bandeira e muitas crônicas. Tia Rosa me ensinou tudo que sei hoje sobre gramática. O gosto pela língua portuguesa e por como ela funcionava impulsionou minha leitura.

Desde então, gosto muito de ler. Infelizmente, o colegial me tirou tempo para as leituras extra-escolares e fiquei um bom período parada. (Para se ter uma idéia, neste janeiro de 2009 li 5 livros). Atualmente, estou com minhas atenções voltadas para os textos acadêmicos das duas graduações que estou fazendo (Pedagogia aqui na USP e Jornalismo na Cásper Líbero), mas espero sempre que puder continuar meus caminhos no campo da literatura.

25 de fevereiro de 2009

Carnaval

A multidão que acompanhava o bloco descia as íngremes ladeiras de Ouro Preto. Alalaô, ouô, ouô. O calor não era só por conta do sol forte. A alegria fazia a temperatura dos paralelepípedos subir.

Entre sombrinhas e cantos de marchinhas, faixas e fitas, confetes e serpentinas, avistei um pierrot a procurar sua colombina. Ia e voltava por entre multidão que passava desfilando, sendo observada pelas varandas das casinhas coloridas.

O bloco que agora seguia não era mais o primeiro, a marchinha agora era frevo e o pierrot continuava sua busca em meio aos foliões que pulavam ao som da banda. Arrastava-se contra a corrente, tentava permanecer no mesmo lugar.

As cornetas de frevo agora eram pandeiros de samba. E nada da colombina, agora porta-bandeira, dar sinal para seu desolado pierrot. Perdido entre os ritmos, as cores e seus amores, era um mestre-sala sem ter a quem cortejar, sem bandeira a proteger.

Agora no fim da ladeira, o axé que contagiava a população não atingia nosso mestre-pierrot. Entre abadás, continuava com sua humilde fantasia a procurar sua porta-columbina. Era levado pela multidão envolta no cordão.

Depois de quatro blocos, agora era Dia de Cinzas. O pobre folião sem sua companhia, sem o complemento de sua fantasia, sentado na calçada a olhar as máscaras que caíram durante os quatro dias de festa. Na ladeira agora só sobrou o confete entre os paralelepípedos e as serpentinas penduradas nas varandas.

Fim de carnaval, fim da fantasia.

18 de fevereiro de 2009

Aviso aos navegantes

Queridos (poucos) leitores.
Como alguns de vocês já sabem, estou fazendo Jornalismo na Cásper Líbero e vários professores meus andam pedindo trabalhos e etc. Gostaria de comunicá-los que vou precisar (e MUITO) da ajuda de vocês. E então vocês me perguntam: como faremos isso?E eu lhes digo que é simples, meus caríssimos. Eu vou postar aqui os meus trabalhos. Além da nota e dos comentários do professor, os comentários de vocês vão com certeza me ajudar. A opinião de vocês é muito importante pra mim.Então a partir de hoje, minhas pequenas narrativas e devaneios serão acompanhados de resenhas, reportagens, entrevistas que meus professores vão pedir.

Conto com vocês! :D
PS: Tá vendo que ali do lado tem um link chamado "Clube de Cinema"? Pois é! Eu faço parte da equipe de lá e quando eu postar algo por lá aviso por aqui também. Vale a pena visitar!

8 de fevereiro de 2009

Ska

A vida não é filme. É justamente por isso que talvez eu tenha deixado passar tantas cenas de causar inveja a diretores de comédias românticas. Cenários perfeitos, fotografia naturalmente ajustada e o melhor dos diálogos: o silêncio. Em qualquer longa seriam cenas perfeitas pras melhores declarações, pros beijos mais românticos, pros finais (ou começos) mais felizes.

Mas a vida continua não sendo filme, apesar disso. Porque os personagens desses cenários interpretam o texto não de acordo com o meu roteiro, mas com seus próprios. É por isso que a vida não é filme. Porque em filme os fantasmas vão embora, a mocinha é decidida e segura e o mocinho diz e faz sempre o que a mocinha quer ouvir.

*

Obs: Mesmo não sendo filme, vida tem trilha sonora! ;)

5 de fevereiro de 2009

FE-USP 2009

O céu nunca esteve tão azul, as folhas das árvores tão verdes, o sol tão brilhante. De uma hora pra outra, nada mais era monocromático. O raro sabor da plena felicidade fazia sua boca sorrir sem motivo. Tudo parecia ao seu alcance, o topo dos prédios, as nuvens do céu. Restava a ela aproveitar, antes que tudo voltasse à rotina.



Nenhum valor artístico mesmo. Só pra constar. ;)

1 de fevereiro de 2009

Cabo-de-guerra

Ela estava lá, de novo, contemplando aquele mesmo nascer do sol carregado de nuvens cinzas entre manchas coloridas no céu. Sentada na grama, com um pouco de frio, segurando as próprias pernas junto ao corpo cansado. Outro corpo exausto sentou ao seu lado e a fitou por alguns segundos. Ela retribuiu com um sorriso de canto de boca. Ainda em torno dos joelhos, suas mãos se ocupavam uma com a outra, assim como sua boca se ocupava com devaneios que buscavam romper qualquer instante de silêncio em que se diriam mais coisas que em todas aquelas frases. Ambos sabiam disso. Agora, ignorava o braço que pousava em seus ombros e acarinhava seu braço. Insegurança, amparo, receio, vontade. Um cabo-de-guerra que ela venceu se levantando com uma desculpa esfarrapada como todas as coisas ditas pra rasgar o silêncio. Algumas palavras estilo assunto de elevador, uma ou outra gentileza, um abraço e palavras ao pé do ouvido encerraram o começo daquele novo dia.

*

Bem, já é domingo e, portanto, fim da greve. Divirtam-se.
Ah, título tosco. Aceito sugestões.

28 de janeiro de 2009

Greve

Em protesto contra a Eletropaulo que ignorou totalmente aqueles que preferem realizar suas atividades durante o período da madrugada cortando a energia do meu bairro hoje por volta de 1 hora e 30 minutos da manhã deixarei o blog sem textos novos até semana que vem. No instante em que a luz foi cortada, eu escrevia um post que estava ficando uma gracinha. Nem sei se está salvo nos rascunhos, mas agora também não quero postar. u_ú

Sem mais.

21 de janeiro de 2009

O café com leite frio da minha caneca logo vai me obrigar a levantar daqui e a parar de olhar pro telefone, afinal ela não vai andar sozinha até a mesa. Apesar de já serem 3 horas da madrugada a maldita insônia que me persegue não se convence de que você não vai me ligar nem às 3 da manhã nem nunca. Com certeza se eu estivesse falando com você agora você me falaria pra parar de jogar a culpa na coitada da insônia, mas tudo que eu ouço são os poucos carros nas ruas, o vento balançando as plantas no quintal, o computador que, ainda ligado, passa fotos aleatórias na tela: a gente na praia, na minha casa, na rua, na chuva, na fazenda e numa casinha de sapê. Na verdade, nenhuma delas só nossa, todas tem mais gente. Na verdade, algumas nem tem o seu rosto, só são de ocasiões que você também estava presente, mas é suficiente pra minha cabeça entrar numa onda de saudades de coisas que não aconteceram. Ah!
Um novo ruído, mas nada de telefone: só a caneca caindo no chão, querendo voltar sozinha pra mesa. Ok, vou levantar, a caneca vão vai chegar ao cúmulo de limpar a bagunça sozinha.

*

Texto começado num dia e terminado noutro. Fruto de algumas associações livres.

13 de janeiro de 2009

Diário de Viagem

Seguinte... Eu fui viajar com a minha família e o tédio era tanto que li três livros (Muito Longe de Casa, Ishmael Beah; Clarissa, Érico Veríssimo; Budapeste, Chico Buarque) em 4 dias. Então, como não havia mais nada pra ler, resolvi escrever, como se fosse um diário. Mas não completei todos os dias porque me falhava a memória e eu consegui algumas poucas coisas pra fazer. Vou postar o do dia 11, domingo, que foi o que escrevi no próprio dia. Logo mais, fotos do visual das montanhas e, se eu tiver paciência pra digitar, os outros dias que tive tempo de escrever.

Vamos ao texto!

*

Acordei duas vezes. A primeira foi às 10:30. Tateei pelos óculos, procurei meu relógio. Vi que já tinha perdido a hora pro café, então virei pro lado e dormi até 12:35. Minha mãe veio nos chamar pro almoço e organizar um pouco da bagunça acumulada por mim e pelo Sami (roupas e sapatos espalhados por todos os cantos).

Fomos para o refeitório eu, meu irmão e meu pai. Por um milagre a Dé ainda estava dormindo e minha mãe precisou ficar com ela. Almocei rápido para que minha mãe pudesse comer, passei no quarto pra escovar os dentes e apanhar Budapeste. Meu irmão já estava no quarto dos meus pais instalando o notebook e lutando com a internet móvel. Minha irmã logo acordou e foi almoçar com mamãe.

Me acomodei na cama e comecei o livro. Li até meu pai chegar e religar a TV (que no domingo tem aquela programação booooa). Logo minha mãe e a Dé voltaram e assistimos juntos o americanóide dublado "A lenda do tesouro perdido". Praticamente duas horas de inércia da família toda na frente da telinha. Terminado o filme, fui pro meu quarto retomar a leitura.

A história de José Costa me prendeu totalmente e terminei o livro antes da hora do jantar. Entre um capítulo e outro arranhava o violão, dava uma volta no quarto. Durante essas pausas, comecei a reparar na estranha coincidência das minhas leituras solitárias: tanto Ishmael quanto Amaro quanto Kósta , personagens cujos finais eram os que mais me interessavam nos livros, eram figuras muito sós. Depois desse devaneio, abri mais uma latinha de Coca que se somaria às outras duas vazias no criado-mudo.

Depois de ler a última página me arrumei e fui para o 154 encontrar meus irmãos para jantar. No refeitório nos encaminhamos para a nossa nova mesa (o hotel estava tão vazio que mudaram as mesas todas para uma única área do restaurante). Depois do jantar, espiei a programação de lazer pra ver se, por um milagre, haveria algo pra se fazer: nada, de novo. Voltei pro quarto pensando no que fazer pra aliviar o tédio bucólico que me deixava com mais e mais vontade de voltar pra casa.

3 de janeiro de 2009

Monochrome

Não importa o que fizesse, nada seria diferente. Foi exatamente o que pensou antes de girar a chave na porta mais uma vez para sair. Era a quarta consecutiva vez na semana que sairia de casa. Das outras vezes, apesar dos destinos serem diferentes, parecia que tudo se repetia: trancava a porta, descia pelas escadas, pedia para que o porteiro abrisse a porta, caminhava para onde quisesse sem medo dos carros e motos e pessoas desgovernados no caos paulista pois as ruas estavam vazias, sem carros, motos ou pessoas. A falta de tudo isso somada a dias incrivelmente nublados davam a ela a sensação de que tudo era do mesmo tom de cinza ou de laranja ao final do dia que a fazia sentir-se só apesar de uma ou outra companhia. Depois voltaria para casa, pediria novamente para o porteiro que abrisse a porta, pegaria dessa vez o elevador, pois estaria cansada. Tudo se repetia. E se repetirá durante o dia de amanhã e o de depois de amanhã e do seguinte deste. Presa num ciclo que não leva a nada e que só a deixa mais e mais cansada.

Nunca Yann Tiersen foi tão perfeito pra descrever uma fase de sua vida.

*

Obs: Não, a Reforma Ortográfica não colou e nem vai colar enquanto não sair aquele novo Vocabulário da Língua Portuguesa que JÁ DEVIA ESTAR PRONTO ANTES DA REFORMA PASSAR A VALER, OK, ABL?

Mel, respira, respira...