30 de setembro de 2008

Sem véu, sem grinalda

Sertão, aquarela de Mauro Andriole

Não foi assim que ela imaginou o dia mais feliz da sua vida. De vestido simples, barato e alugado, a pequena cerimônia foi esperada sem anseios pela jovem. Caminhou para o altar de madeira e sem adornos de flores pisando no chão de terra batida sem tapete vermelho. As paredes não eram brancas: castanho pau-a-pique. O padre não falava latim, o noivo não tinha alianças. As lágrimas dos olhos da moça inundavam a seca tristeza do sertão.

26 de setembro de 2008

Camuflagem

- O reflexo da luz do computador coloria o rosto dele de uma maneira engraçada que prendia sua atenção mais que o reflexo do sol poente nas janelas da redação. Na verdade, tudo relacionado a ele era capaz de desligá-la do fardo de escrever sempre sobre a mesma coisa. Sua seriedade, o olhar terno e a incrível capacidade de fazê-la sentir como uma adolescente apaixonada - ela pensava enquanto aos poucos voltava a ouvir uma outra voz...

- É pra ontem a matéria do equinócio!!!
- Ah, claro, sim senhor...

E voltou a digitar.


(Fruto de duas aulas chatas.)

21 de setembro de 2008

Amor Passageiro

Bruno Capelas/Mel Sternberg

Todo dia de manhã
Eu escolho o meu lugar
E espero o momento
De ver você passar
Sem sequer me perceber
Com seu tênis preto All Star
Mas se um dia eu quiser
Eu nem sei como lhe chamar

E é melhor que seja dessa maneira
Assim eu não corro o risco de dar bobeira
Prefiro sonhar contigo do que acordar
E então nem te ver mais passar

Passam-se algumas horas
E em novo caminhar
Acabo me perdendo outra vez
Querendo te encontrar
E você fica com essa cara
Numa estranha troca de olhar
E eu sumo novamente
Pra você não me achar

Até no metrô
Com sua amiga a conversar
Eu não resisto à tentação
De te contemplar
Você fica com essa cara
E eu decido me afastar
Desço na próxima estação
Pra você não me encontrar

E é melhor que seja dessa maneira
Assim eu não corro o risco de dar bobeira
Prefiro sonhar contigo do que acordar
E então nem te ver mais passar

Passam-se algumas horas
E em novo caminhar
Acabo me perdendo outra vez
Querendo te encontrar
E você fica com essa cara
Numa estranha troca de olhar
E eu sumo novamente
Pra você não me achar

Você fica com essa cara
E eu decido me afastar
Desço na próxima estação
Pra você não me encontrar

8 de setembro de 2008

Inútil.

É assim que eu estou me sentindo exatamente agora.
Estar escrevendo essa porcaria que provavelmente eu vou deletar amanhã enquanto eu penso em alguma coisa pra ir falar com você é, de fato, inútil.
Inútil porque você nunca vai ler isso. Se ler, vai achar que não é com você. Também inútil porque mesmo que eu fale com você eu sinto que você está com a cabeça em outro lugar, em outra garota, em outra música, em outra vibe.
Também é inútil eu esperar que você venha falar comigo. Das poucas vezes que isso aconteceu, durou tão pouco. Alguns minutos foram tão inúteis quanto eu e não me deixaram ao menos olhar pros seus olhos.
Inútil é também esse meu medo desgraçado de te procurar, de te abraçar com mais força, de chamar você pra conversar mesmo quando você tá cercado pelos seus amigos. Medo que me faz passar mais rápido por você, olhando pro chão, fingindo estar com pressa só pra ver se você diz um "Espera!".
Mas chega de inutilidades por hora.. Vou voltar a escutar as canções de amor não-correspondido da minha coleção enquanto fico olhando pra tela de contatos do msn te esperando.