28 de outubro de 2008

Lembrança.

Leite, fralda, carne, fósforo, Aspirina, "Você aceita débito?", um olhar, "Sá, espera sentadinha aqui enquanto a mamãe guarda as compras", uma pausa, outro olhar. Não é possível. Depois de tanto tempo, 20 anos. Não pode ser, o rosto está tão diferente. O que o tempo não faz com a gente. Mas o sorriso é o mesmo, "A senhora precisa de ajuda?", a voz também, "Ah, não, obrigada. Boa tarde!".

Sacola, sacola, sacola, sacola, bolsa, mamadeira, "Dá a mão, vamos pra casa". "Quem era, mãe?", "Eu que sei, filha?". Sim, eu que sei.

24 de outubro de 2008

"Não esqueça de levar o guarda-chuva."

Praga de professor de história, avisos da Simone, crendices populares... Uma lista imensa de coisas que a gente ouve, ignora e se arrepende. Mas tem aquelas que a gente se arrepende mais. Que não tem erro e a gente cisma em dizer que é coisa de velho, que não vale pros dias de hoje. Sim, eles mesmo, os conselhos de mãe.

Leva o agasalho. Não coloca tanto açúcar. Dá o desprezo. Vai de preto. Vai de branco. Aquele seu amigo é uma gracinha. Aquela sua amiga... Toma cuidado com ela. Na verdade, não é só mãe. Vovó, titia, inspetora do Etapa... O misto de sabedoria, experiência e sexto sentido está a nossa volta e a gente insiste em não dar atenção.

É sempre assim. Ela fala, a gente discorda, a gente bate de cara no chão e ela abre aquele sorriso: eu avisei.

Ah, esse "eu avisei" é o que desarma qualquer filho. Aí a gente chora, se arrepende, fica mal, ouve a playlist "Fossa". Ela dá mais um palpite, a gente não ouve e começa tudo de novo!

Teimosia? Talvez. Mas acho que é mais a mania que a gente tem de achar que sabe de tudo quando não sabe de nada e achar que não sabe de nada e procurar quando não há nada pra saber.

*

Obs.: Valor artístico nulo, só um desabafo. xD

14 de outubro de 2008

Subfeelings 2


Mais uma vez ele estava ali, parado, esperando o trem partir levando consigo mais um caso mal resolvido. Mais um abraço. Mais palavras que ele, de novo, se arrependerá de ter dito. Estagnado, fitando os olhos descrentes encobertos por mechas do cabelo que caia sobre a mochila agarrada com força. Era outra imagem que se desfaria ao som do sinal e piscar de luzes das portas se fechando. Novamente, o tempo passava acelerado diante de seus olhos que nada mais podiam fazer (de novo).

*

Obs. 1: Fictício.
Obs. 2: Título roubado do texto órfão do último post. Aquele é o "1", esse agora é o "2". Futura coletânea?

8 de outubro de 2008

Subfeelings 1

O recado hoje vem antes do texto. Meu computador diz que ele existe desde 14 de maio desse ano, mas eu não lembro de ter escrito isso aqui. Enfim, é legalzinho. Se você for o autor deste texto (por hora, órfão), avise. ;D



*



Ele estava lá, sentado, ouvindo Ipod quando parou pra olhar pra garota que entrara no vagão. Atrapalhada com suas mil coisas, atravessou a multidão em direção ao único lugar que conseguiu achar (por coincidência, ao lado dele). Ela levou um empurrão pelas costas e seu livro de contos caiu no colo dele, que observava seus cabelos meio presos através do reflexo do vidro. Devolvido o livro, ela se acomodou e abriu na página marcada por vários papéis de diversos assuntos, como uma agenda. Ele não tinha coragem de olhá-la nos olhos. Continuou ouvindo música. Ao virar a página, ela encontra uma foto. Lágrimas rolam pela sua face delicada e limpa. Sem saber o que fazer, lançou um breve olhar para os lagos de lágrimas em seus olhos. Deram-se as mãos e seguiram assim até a estação final.

3 de outubro de 2008

Todo isso é tão confuso...

"Tire isso da cabeça e ponha o resto no lugar"

"Isso" era parte do "resto". Mas agora "isso" mostrou ter abraços,sorrisos e o dom de me fazer bem. E é complicado porque a maior parte do "resto" agora está relacionada a "isso".Agora além d"isso", tem vários pontos de interrogação na minha cabeça. Afinal, pra piorar, eu sou parte do "resto" d"isso". O que me sobra é tentar me tornar "isso" ou "isso" voltar a ser parte do "resto".




(Mais um da série "Vou ter vontade de jogar isso no lixo amanhã" e da série "Coisas tão confusas e tão sem sentido quanto a minha cabeça")