25 de fevereiro de 2009

Carnaval

A multidão que acompanhava o bloco descia as íngremes ladeiras de Ouro Preto. Alalaô, ouô, ouô. O calor não era só por conta do sol forte. A alegria fazia a temperatura dos paralelepípedos subir.

Entre sombrinhas e cantos de marchinhas, faixas e fitas, confetes e serpentinas, avistei um pierrot a procurar sua colombina. Ia e voltava por entre multidão que passava desfilando, sendo observada pelas varandas das casinhas coloridas.

O bloco que agora seguia não era mais o primeiro, a marchinha agora era frevo e o pierrot continuava sua busca em meio aos foliões que pulavam ao som da banda. Arrastava-se contra a corrente, tentava permanecer no mesmo lugar.

As cornetas de frevo agora eram pandeiros de samba. E nada da colombina, agora porta-bandeira, dar sinal para seu desolado pierrot. Perdido entre os ritmos, as cores e seus amores, era um mestre-sala sem ter a quem cortejar, sem bandeira a proteger.

Agora no fim da ladeira, o axé que contagiava a população não atingia nosso mestre-pierrot. Entre abadás, continuava com sua humilde fantasia a procurar sua porta-columbina. Era levado pela multidão envolta no cordão.

Depois de quatro blocos, agora era Dia de Cinzas. O pobre folião sem sua companhia, sem o complemento de sua fantasia, sentado na calçada a olhar as máscaras que caíram durante os quatro dias de festa. Na ladeira agora só sobrou o confete entre os paralelepípedos e as serpentinas penduradas nas varandas.

Fim de carnaval, fim da fantasia.

18 de fevereiro de 2009

Aviso aos navegantes

Queridos (poucos) leitores.
Como alguns de vocês já sabem, estou fazendo Jornalismo na Cásper Líbero e vários professores meus andam pedindo trabalhos e etc. Gostaria de comunicá-los que vou precisar (e MUITO) da ajuda de vocês. E então vocês me perguntam: como faremos isso?E eu lhes digo que é simples, meus caríssimos. Eu vou postar aqui os meus trabalhos. Além da nota e dos comentários do professor, os comentários de vocês vão com certeza me ajudar. A opinião de vocês é muito importante pra mim.Então a partir de hoje, minhas pequenas narrativas e devaneios serão acompanhados de resenhas, reportagens, entrevistas que meus professores vão pedir.

Conto com vocês! :D
PS: Tá vendo que ali do lado tem um link chamado "Clube de Cinema"? Pois é! Eu faço parte da equipe de lá e quando eu postar algo por lá aviso por aqui também. Vale a pena visitar!

8 de fevereiro de 2009

Ska

A vida não é filme. É justamente por isso que talvez eu tenha deixado passar tantas cenas de causar inveja a diretores de comédias românticas. Cenários perfeitos, fotografia naturalmente ajustada e o melhor dos diálogos: o silêncio. Em qualquer longa seriam cenas perfeitas pras melhores declarações, pros beijos mais românticos, pros finais (ou começos) mais felizes.

Mas a vida continua não sendo filme, apesar disso. Porque os personagens desses cenários interpretam o texto não de acordo com o meu roteiro, mas com seus próprios. É por isso que a vida não é filme. Porque em filme os fantasmas vão embora, a mocinha é decidida e segura e o mocinho diz e faz sempre o que a mocinha quer ouvir.

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Obs: Mesmo não sendo filme, vida tem trilha sonora! ;)

5 de fevereiro de 2009

FE-USP 2009

O céu nunca esteve tão azul, as folhas das árvores tão verdes, o sol tão brilhante. De uma hora pra outra, nada mais era monocromático. O raro sabor da plena felicidade fazia sua boca sorrir sem motivo. Tudo parecia ao seu alcance, o topo dos prédios, as nuvens do céu. Restava a ela aproveitar, antes que tudo voltasse à rotina.



Nenhum valor artístico mesmo. Só pra constar. ;)

1 de fevereiro de 2009

Cabo-de-guerra

Ela estava lá, de novo, contemplando aquele mesmo nascer do sol carregado de nuvens cinzas entre manchas coloridas no céu. Sentada na grama, com um pouco de frio, segurando as próprias pernas junto ao corpo cansado. Outro corpo exausto sentou ao seu lado e a fitou por alguns segundos. Ela retribuiu com um sorriso de canto de boca. Ainda em torno dos joelhos, suas mãos se ocupavam uma com a outra, assim como sua boca se ocupava com devaneios que buscavam romper qualquer instante de silêncio em que se diriam mais coisas que em todas aquelas frases. Ambos sabiam disso. Agora, ignorava o braço que pousava em seus ombros e acarinhava seu braço. Insegurança, amparo, receio, vontade. Um cabo-de-guerra que ela venceu se levantando com uma desculpa esfarrapada como todas as coisas ditas pra rasgar o silêncio. Algumas palavras estilo assunto de elevador, uma ou outra gentileza, um abraço e palavras ao pé do ouvido encerraram o começo daquele novo dia.

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Bem, já é domingo e, portanto, fim da greve. Divirtam-se.
Ah, título tosco. Aceito sugestões.