23 de dezembro de 2008

"Já é hora de pôr recordações para fora."

Primeiramente, alguns motivos pra você fechar essa janela:
  • Vai ser meloso;
  • Vai ser nostálgico;
  • Eu não vou citar o seu nome;
  • Eu vou falar do Etapa;
  • Eu vou falar um monte de bobagem pra no final não dizer nada.
Se você ainda está lendo isso, parabéns, você provavelmente não fará cara feia pelo que está por vir.


Eu sobrevivi ao terceiro ano. Não só falando do ponto de vista acadêmico, mas também do ponto de vista emocional. Físico nem tanto, afinal o ano de 2008 veio carregado de insônia, ansiedade, nervosismo e tudo isso só consegue ser acalmado com aquele chocolate da hora do simulado ou almoços inexistentes por conta dos mesmos. Deixemos isso de lado.

Problemas de saúde, encrencas com o lado esquerdo do peito, grandes erros, frustrações, surpresas, vestibulares, fossas. Eu tive muitos motivos pra surtar e, de fato, surtei. E olhando pra trás eu vejo que muitas pessoas me salvaram, e o fizeram.
Muitas vezes eu coloquei as mãos nos olhos e pensei que não fosse dar, mas deu, e graças a elas.

Foram gastos com isso muitos vinte e cinco minutos de intervalo na rampinha, ou na sala da Mari, ou no J com o Coral, ou por MSN, ou no Centro Cultural, ou no Frans, ou tomando sorvete, ou depois do almoço, ou na escada da Gazeta, ou às quintas-feiras na sala 65 com o Clube de Cinema. Por coincidência ou não, todos esses lugares também foram marcados por conversas fodas, aleatórias até, que marcaram esse turbulento 2008. Desequilíbrio emocional? Yeah!

Enfim, amanhã é noite de Natal. Pra mim, como boa judia que sou, mais uma noite de troca de presentes e lembranças. Esse é meu pequeno presente de Natal pra todos aqueles que me ajudaram a sobreviver a 2008, um singelo agradecimento. Essas pessoas sabem quem são e não vai ser muita presunção sua vestir a carapuça (se você chegou até aqui com certeza acompanhou muitas das batalhas épicas e fez parte de tudo isso).

Amigos, família, professores, mais uma vez obrigada por tudo!

Boas festas pra todo mundo!

PS: O título? Móveis Coloniais de Acaju!!! :D
PS 2: Nostalgia mode iniciado no Repostagens hoje cedo off!
PS 3: Olha sóóóóóóó!

1 de dezembro de 2008

Sobre acordar cedo.

Abrir os olhos, levantar com a sensação de estar atrasada, olhar o despertador com desprezo antes de jogá-lo contra o pé da cama. Tatear em torno procurando os óculos, colocar o relógio e só então sair da cama. Triste rotina de quando meu pai não me leva pra escola.
Foi dessa parte que eu lembrei quando ele disse ontem: "Arrume carona pra amanhã ou vai a pé". Mas agora, numa conversa por MSN, percebi que depois de tanto tempo eu tinha esquecido de como eu até que gosto de ir a pé pra escola apesar das ladeiras intermináveis. Tinha esquecido do ar geladinho pra respirar, da sensação nem de frio nem de calor, de andar com cuidado pra não escorregar nas plantinhas entre os paralelepípedos da rua. Tudo isso com as mãos no bolso do casaco e olhando o meu tênis desamarrado.
Não sei se tudo isso foi porque eu sabia que não seria arrastada pela multidão que vai do metrô até o Etapa ou porque acordei sabendo que não ia assistir às aulas de gramática, química e matemática ou porque os problemas podem estar realmente dando uma trégua, mas sei que se eu tiver que fazer isso de novo pra não acordar às 5:50 da manhã eu vou procurar não lembrar só do primeiro parágrafo desse devaneio.

22 de novembro de 2008

Pra não dizer que não falei da Fuvest.

Obs. 1: Isto é um desabafo.
Obs. 2: Da série "Vou ter vontade de jogar isso no lixo amanhã"


Estava eu num café com o Cotô e o Boina conversando (pra variar) sobre as 90 questões que responderemos amanhã. Então entre lamentos de um e alfinetadas do outro eu comecei a pensar sobre qual é o nosso verdadeiro medo em relação a essas questões e lembrei da conversa que eu tive com o Dolly e o Nathan na casa da Paula uma vez. Naquele dia falávamos sobre o que aconteceria depois de passarmos na faculdade. Um na Sanfran, outro na Pinheiros, outro em Lorena, outra na Cásper e na Usp ao mesmo tempo.
Depois de lembrar desse acaso percebi que o meu maior medo da Fuvest está no que virá depois dela (e não estou falando do cursinho ou da faculdade). Querendo ou não, é um divisor de águas, as coisas não vão ser mais as mesmas depois desse domingo.
Então eu queria aproveitar esse surto durante minha tensão pré-Fuvest pra dizer que aconteça o que acontecer amanhã eu vou estar pensando em todos que me acompanharam esse tempo todo e que merecem ter o esforço recompensado.
Calma pra todos nós e que venha o churrasco!

Obs. 3: Eu não precisei esperar até amanhã pra ver que esse blá blá blá tá meloso demais. Mesmo assim, não deletei. Quem quiser lê xD

7 de novembro de 2008

Última carta à lua

Foram raras as vezes que pude te observar com mais carinho daqui. O brilho refletindo em volta acompanhado do frio que faz de madrugada já me fez escrever tantas como essa. Daqui pra frente, não nos veremos mais. Não por causa das pesadas nuvens que correm pelo céu de São Paulo, mas pelo pesado concreto que vai abrigar outros amantes teus. Ou não.
Apesar disso, sabe que vai continuar sendo uma das musas inspiradoras de tantos outros patéticos românticos como eu. Muitas canções, poesias e cartas ainda serão destinadas a você, mesmo se nunca mais nos vermos da minha pequena janela aqui embaixo.

*

Tentativa (frustrada) de brincar com o fato de um prédio que está sendo contruído aqui perto estar começando a tampar a minha visão da Lua. Enfim, só um devaneio.

28 de outubro de 2008

Lembrança.

Leite, fralda, carne, fósforo, Aspirina, "Você aceita débito?", um olhar, "Sá, espera sentadinha aqui enquanto a mamãe guarda as compras", uma pausa, outro olhar. Não é possível. Depois de tanto tempo, 20 anos. Não pode ser, o rosto está tão diferente. O que o tempo não faz com a gente. Mas o sorriso é o mesmo, "A senhora precisa de ajuda?", a voz também, "Ah, não, obrigada. Boa tarde!".

Sacola, sacola, sacola, sacola, bolsa, mamadeira, "Dá a mão, vamos pra casa". "Quem era, mãe?", "Eu que sei, filha?". Sim, eu que sei.

24 de outubro de 2008

"Não esqueça de levar o guarda-chuva."

Praga de professor de história, avisos da Simone, crendices populares... Uma lista imensa de coisas que a gente ouve, ignora e se arrepende. Mas tem aquelas que a gente se arrepende mais. Que não tem erro e a gente cisma em dizer que é coisa de velho, que não vale pros dias de hoje. Sim, eles mesmo, os conselhos de mãe.

Leva o agasalho. Não coloca tanto açúcar. Dá o desprezo. Vai de preto. Vai de branco. Aquele seu amigo é uma gracinha. Aquela sua amiga... Toma cuidado com ela. Na verdade, não é só mãe. Vovó, titia, inspetora do Etapa... O misto de sabedoria, experiência e sexto sentido está a nossa volta e a gente insiste em não dar atenção.

É sempre assim. Ela fala, a gente discorda, a gente bate de cara no chão e ela abre aquele sorriso: eu avisei.

Ah, esse "eu avisei" é o que desarma qualquer filho. Aí a gente chora, se arrepende, fica mal, ouve a playlist "Fossa". Ela dá mais um palpite, a gente não ouve e começa tudo de novo!

Teimosia? Talvez. Mas acho que é mais a mania que a gente tem de achar que sabe de tudo quando não sabe de nada e achar que não sabe de nada e procurar quando não há nada pra saber.

*

Obs.: Valor artístico nulo, só um desabafo. xD

14 de outubro de 2008

Subfeelings 2


Mais uma vez ele estava ali, parado, esperando o trem partir levando consigo mais um caso mal resolvido. Mais um abraço. Mais palavras que ele, de novo, se arrependerá de ter dito. Estagnado, fitando os olhos descrentes encobertos por mechas do cabelo que caia sobre a mochila agarrada com força. Era outra imagem que se desfaria ao som do sinal e piscar de luzes das portas se fechando. Novamente, o tempo passava acelerado diante de seus olhos que nada mais podiam fazer (de novo).

*

Obs. 1: Fictício.
Obs. 2: Título roubado do texto órfão do último post. Aquele é o "1", esse agora é o "2". Futura coletânea?

8 de outubro de 2008

Subfeelings 1

O recado hoje vem antes do texto. Meu computador diz que ele existe desde 14 de maio desse ano, mas eu não lembro de ter escrito isso aqui. Enfim, é legalzinho. Se você for o autor deste texto (por hora, órfão), avise. ;D



*



Ele estava lá, sentado, ouvindo Ipod quando parou pra olhar pra garota que entrara no vagão. Atrapalhada com suas mil coisas, atravessou a multidão em direção ao único lugar que conseguiu achar (por coincidência, ao lado dele). Ela levou um empurrão pelas costas e seu livro de contos caiu no colo dele, que observava seus cabelos meio presos através do reflexo do vidro. Devolvido o livro, ela se acomodou e abriu na página marcada por vários papéis de diversos assuntos, como uma agenda. Ele não tinha coragem de olhá-la nos olhos. Continuou ouvindo música. Ao virar a página, ela encontra uma foto. Lágrimas rolam pela sua face delicada e limpa. Sem saber o que fazer, lançou um breve olhar para os lagos de lágrimas em seus olhos. Deram-se as mãos e seguiram assim até a estação final.

3 de outubro de 2008

Todo isso é tão confuso...

"Tire isso da cabeça e ponha o resto no lugar"

"Isso" era parte do "resto". Mas agora "isso" mostrou ter abraços,sorrisos e o dom de me fazer bem. E é complicado porque a maior parte do "resto" agora está relacionada a "isso".Agora além d"isso", tem vários pontos de interrogação na minha cabeça. Afinal, pra piorar, eu sou parte do "resto" d"isso". O que me sobra é tentar me tornar "isso" ou "isso" voltar a ser parte do "resto".




(Mais um da série "Vou ter vontade de jogar isso no lixo amanhã" e da série "Coisas tão confusas e tão sem sentido quanto a minha cabeça")

30 de setembro de 2008

Sem véu, sem grinalda

Sertão, aquarela de Mauro Andriole

Não foi assim que ela imaginou o dia mais feliz da sua vida. De vestido simples, barato e alugado, a pequena cerimônia foi esperada sem anseios pela jovem. Caminhou para o altar de madeira e sem adornos de flores pisando no chão de terra batida sem tapete vermelho. As paredes não eram brancas: castanho pau-a-pique. O padre não falava latim, o noivo não tinha alianças. As lágrimas dos olhos da moça inundavam a seca tristeza do sertão.

26 de setembro de 2008

Camuflagem

- O reflexo da luz do computador coloria o rosto dele de uma maneira engraçada que prendia sua atenção mais que o reflexo do sol poente nas janelas da redação. Na verdade, tudo relacionado a ele era capaz de desligá-la do fardo de escrever sempre sobre a mesma coisa. Sua seriedade, o olhar terno e a incrível capacidade de fazê-la sentir como uma adolescente apaixonada - ela pensava enquanto aos poucos voltava a ouvir uma outra voz...

- É pra ontem a matéria do equinócio!!!
- Ah, claro, sim senhor...

E voltou a digitar.


(Fruto de duas aulas chatas.)

21 de setembro de 2008

Amor Passageiro

Bruno Capelas/Mel Sternberg

Todo dia de manhã
Eu escolho o meu lugar
E espero o momento
De ver você passar
Sem sequer me perceber
Com seu tênis preto All Star
Mas se um dia eu quiser
Eu nem sei como lhe chamar

E é melhor que seja dessa maneira
Assim eu não corro o risco de dar bobeira
Prefiro sonhar contigo do que acordar
E então nem te ver mais passar

Passam-se algumas horas
E em novo caminhar
Acabo me perdendo outra vez
Querendo te encontrar
E você fica com essa cara
Numa estranha troca de olhar
E eu sumo novamente
Pra você não me achar

Até no metrô
Com sua amiga a conversar
Eu não resisto à tentação
De te contemplar
Você fica com essa cara
E eu decido me afastar
Desço na próxima estação
Pra você não me encontrar

E é melhor que seja dessa maneira
Assim eu não corro o risco de dar bobeira
Prefiro sonhar contigo do que acordar
E então nem te ver mais passar

Passam-se algumas horas
E em novo caminhar
Acabo me perdendo outra vez
Querendo te encontrar
E você fica com essa cara
Numa estranha troca de olhar
E eu sumo novamente
Pra você não me achar

Você fica com essa cara
E eu decido me afastar
Desço na próxima estação
Pra você não me encontrar

8 de setembro de 2008

Inútil.

É assim que eu estou me sentindo exatamente agora.
Estar escrevendo essa porcaria que provavelmente eu vou deletar amanhã enquanto eu penso em alguma coisa pra ir falar com você é, de fato, inútil.
Inútil porque você nunca vai ler isso. Se ler, vai achar que não é com você. Também inútil porque mesmo que eu fale com você eu sinto que você está com a cabeça em outro lugar, em outra garota, em outra música, em outra vibe.
Também é inútil eu esperar que você venha falar comigo. Das poucas vezes que isso aconteceu, durou tão pouco. Alguns minutos foram tão inúteis quanto eu e não me deixaram ao menos olhar pros seus olhos.
Inútil é também esse meu medo desgraçado de te procurar, de te abraçar com mais força, de chamar você pra conversar mesmo quando você tá cercado pelos seus amigos. Medo que me faz passar mais rápido por você, olhando pro chão, fingindo estar com pressa só pra ver se você diz um "Espera!".
Mas chega de inutilidades por hora.. Vou voltar a escutar as canções de amor não-correspondido da minha coleção enquanto fico olhando pra tela de contatos do msn te esperando.

30 de agosto de 2008

11 de agosto de 2008

Ela voltou...
Na verdade, ela sempre está por aqui, mas foram poucas as vezes que realmente se mostrou de cara: fria e verdadeira, cruelmente pura e fatalmente real.
Ela própria não é de todo ruim. É estranho pensar, mas ela é natural, está dentro de nós, nos faz o que somos a cada dia e por estar tão perto e tão longe traz os meios e os fins para sofrer.

A primeira vez que ela apareceu não fez com que eu sentisse tanto, eu era muito pequena quando a idéia de perda veio através de alguém mais distante. Já na segunda vez, as cicatrizes deixadas por ela abriram mais tarde e violentamente, porque chegou aos 45 do segundo tempo.
Depois (não lembro se veio antes ou depois da próxima visita), deixou uma saudade estranha, marcada pelos poucos momentos de uma convivência harmoniosamente terna, revivida a cada pequena coisa que possa ser relacionada com ela.
O último episódio, e o mais marcante até agora, não terminou na segunda viagem fantástica que falei, mas só a possibilidade disso ocorrer fez aflorar um dos sentimentos mais profundos que já senti.

E agora ela paira no ar, leve como o desespero e a sensação de impotência diante da sua onipresença disfarçada. Sem saber o que fazer, acho que só me resta esperar pela sua próxima aparição.

2 de agosto de 2008

A gosto? Não! Chega!

Chegou seco.
Chegou rápido.
Chegou com surto.
Chegou com cansaço.
Chegou com surpresas.
Chegou com manual.
Chegou com susto.
Chegou pesado.
Chegou tudo.



Tentativa [frustrada] de brincar de concretismo.

28 de julho de 2008

Texto encontrado na arrumação do quarto - II

Há 10 anos, direto do túnel do tempo.

*

1,2,3 quero aprender inglês
Mão fria, Geografia
Gosto de pinturas com tintas escuras
Jornal pra depois,
Feijão com arroz

(1998)

19 de julho de 2008

Texto encontrado na arrumação do quarto - I

Ela nunca pensou que pudesse ser tão difícil. Depois de ter conquistado um sonho, tudo parecia fácil, menos despedir-se daqueles olhos claros que a fitaram quando ela entrara no salão. Após muita dança, comemoração e riso, finalmente estavam a sós. Uma simpels e tímida conversa resultara em nostalgia e risadas. Uma imensa saudade terminou num abraço forte e acolhedor. Ele percebeu que ela chorava e a consolou com carinhos nos lisos cabelos que caiam sobre seus ombros. Ela podia ouvir o coração dele, pulsando forte como o dela. Os olhares novamente se cruzaram. ela se perdia num sorriso discreto, ele naqueles brilhantes olhos verdes. Um único e terno beijo marcou aquele momento que parecera durar horas, encerradas por mais um abraço envolvente e por mais lágrimas.

9 de julho de 2008

Cansei de ouvir pessoas, música, reclamações. Acho que vou ficar só ouvindo o vazio do apartamento, do meu copo, da rua lá fora. Curtir minha própria solidão antes do sono me derrubar, me sentir tão invisível quanto numa multidão atravessando a rua na Paulista, fazer com que lágrimas venham a tona sem porquê. Há quem troque isso por uns copos de cerveja, desesperadas xícaras de café, frustrantes comprimidos de calmante. Tudo pra fugir de algo que eu prefiro deixar correr enquanto não tenho uma outra solução.

20 de junho de 2008

Hipocrisia?


Hoje foi um dia curisoso.

Foi só falar "Dia do Ridículo" que todos colocaram suas roupas mais coloridas e descombinadas.

Foi uma alegria, foto aqui, foto ali.
Mas amanhã, todos voltarão pra massa jeans, branca, cinza e preta. Uniformemente individualizados, tirando fotos solitárias no espelho.

Não é a toa que Chico coleciona retratos em branco e preto. Retratos tristes, perdidos na massa, que ganham cores consideradas ridículas por poucas horas.

16 de junho de 2008

Memórias concretas.

Nathan, Cotô, Mel. by Paula


Quem diria que uma varanda virada pra outras varandas guardaria lembranças tão profundas quanto o horizonte num campo aberto. O chão, a grade, as cadeiras, as paredes. Inundados de lágrimas, palavras, abraços, consolos. Ontem, junto com as memórias que emergiram, a chuva despencou sobre a varanda, lavando o concreto e o metal. Começa uma nova temporada de sensações.

9 de maio de 2008

Meu encontro com o poeta, de uma anônima muito especial.


Era uma manhã normal e gélida, como todas as outras que vivera em Lisboa até aquele momento. Caminhava acompanhada de uma senhora pelas ruelas daquela cidade, tentando encontrar a rua certa, na qual encontraria o tão esperado poeta.
Depois de alguns minutos caminhando, com a brisa gelada batendo em meu rosto, encontrei a tão esperada rua que tanto procurava. A princípio, não era nada demais, com suas casas de café e lojas se estendendo calçada adentro. Porém, caminhando em direção ao norte, passei a gostar da rua, que abrigava uma livraria e uma venda de livros usados logo na esquina.
Porém, o que realmente me interessou e me fez abrir um sorriso em meio aquelas pessoas apressadas e mal-humoradas, estava localizado logo no quiosque do número vinte da rua Garret, olhando para o horizonte e parecendo pedra.
Foi assim que encontrei Fernando Pessoa, sentei-me ao seu lado, no quiosque do café A Brasileira e, por alguns instantes, senti uma felicidade irradiar de meu peito.
Só não consegui ser a pessoa mais feliz do mundo pois havia me encontrado com uma estátua, e não com o Fernando Pessoa real. Quem sabe se eu houvesse nascido antes não teria tido este prazer?

2 de maio de 2008

Feriado, chuva, tédio, texto.


Lá fora a rua vazia chora e aqui dentro só me resta um pijama, uma barra de chocolate e um filme "água com açúcar". A chuva coloriu de cinza o céu paulistano de meio de feriado, destruindo as chances de eu sair dessa minha prisão particular. Só me resta então ficar enrolada num cobertor e ligar o DVD. Ou devo dizer, restava. Um galho de árvore resolve tombar na fiação da rua nesse exato momento e a incrível Lei de Murphy começa a brincar na garoa. Olhando pela janela, vejo o pessoal da prefeitura tirar o galho da rede, mas a essas alturas eu já não estou com vontade de assistir ao filme que espera há mais de duas semanas na minha prateleira. Ainda olhando pela janela, percebo que a neblina cobre o topo dos outros prédios e a linha do horizonte. Poucas pessoas passam pela rua, com seus inúteis guarda-chuvas ou capas. A água agora cai de lado, esboçando no vidro da minha janela uma figura impressionista. O frio me deixa com vontade de uma xícara de café, mas o pó acabou e me contento com uma caixinha de Toddynho. A energia elétrica volta a funcionar, me dando a chance de ligar o som e colocar uns CD's velhos pra tocar. Embalada ao som de Caetano, adormeço no sofá da sala.

2 de abril de 2008

Desabafo 2

Último ano de colégio, último ano tendo essas surpresas junto daqueles que passam mais tempo comigo do que minha própria família por conta do próprio colégio. Queria poder colocar todos numa grande bolha, onde nada pudesse atingi-los física ou emocionalmente para o mal. Numa bolha pra eu levar sempre comigo, seja na ECA, na Cásper, na Metodista, ou até mesmo (D'us me livre xD) no cursinho.A falta que eu vou sentir deles, não quero nem pensar em como vou superar. Ok, temos telefone, email, orkut, blog, que seja. Mas nada vai trazer de volta as aulas relâmpago antes das provas, as tardes de coral, as horas de conversa jogada fora seguidas por horas de peso na consciência, os abraços, as preocupações.
E aqueles que não vejo com tanta freqüência, mas que insistem em nos ensinar tudo que precisamos em poucos 50 minutos? Por eles sinto grande admiração, carinho e respeito, mesmo que, pra maioria deles, eu seja só mais uma das 50 e poucas mentes focadas (ou não) no que eles têm pra dizer. Alguns, figuras paternais, maternais, fraternais que farão muita falta.
Todos eles vão fazer parte da grande lista de pessoas que já passaram. Uma lista onde já há amigos e professores que já não vejo todo dia ou uma vez por semana. Penso em como seria se estivessem presentes comigo sempre, como já foi um dia. Que conselhos dariam, que atitude repreenderiam, que diriam? Não sei. Sei que não importa porque, quando, onde ou como, eu nunca me esquecerei de todas essas pessoas que me fizeram crescer e passar por muitas experiências que, sem elas, não teriam sido as mesmas.
Boa sorte pra todos!
E que venham os últimos 8 meses de 2008!

17 de fevereiro de 2008

"Bar Bilhar"

Um bar à meia luz. Ao contrário de Dorival Caymmi, não estou falando de algum lugar em Copacabana, mas sim nos arredores da praça da Igreja Santa Margarida, perto de minha casa. Na verdade, muitos chamariam de boteco o local sujo, cheio de cartazes colados nas paredes (incluindo uma propaganda do Etapa), mal iluminado e com um letreiro que pisca mostrando as palavras “Bar Bilhar”.
Pela pequena porta do bar sempre avisto um senhor sentado com seu copo de cerveja, um cachorro vira-lata a pedir restos e um garçom, também de idade, limpando o balcão. Este aparenta ser de alguma pedra similar ao mármore, com detalhes em madeira e um tampo que, em outros tempos, devia ser muito bem cuidado.
A julgar pela arquitetura do balcão, creio que este já foi um bar muito freqüentado do bairro. Situado na praça da Igreja, perto do cemitério ecumênico, cercado por outras casinhas e perto de uma antiqüíssima drogaria. Um conjunto de construções que me levam a afirmar que ali era um centro de comércio próspero da Vila Mariana que, como o centro da cidade, se degradou com o tempo.
Se há mesmo uma mesa de bilhar ali, não sei. Mas que há muitas histórias a serem contadas, há.
Se der, arranjo uma foto. ;D

1 de fevereiro de 2008

Misturas

A garota estava ali, sentada na grama daquela pequena colina. Ouvia pessoas cantando, gritando, comemorando, bebendo. A garota olhava fixamente pro horizonte, onde o sol surgia lentamente, colorindo o céu antes coberto de belas estrelas. Ela já estava cansada de tudo aquilo. Feliz, porém cansada. Suas expectativas e sonhos começavam a se realizar naquele instante. Um quê de insegurança podia ser visto através dos castanhos olhos da garota, que refletiam a mistura de cores e sentimentos. A manhã que ali nascia era típica de outono: ensolarada e gelada, solitária.
Foi quando então a garota sentiu uma presença ao seu lado. Ele, também cansado, sentou-se ao lado dela. Ela estava no início de sua jornada, e ele no fim. Conversaram então sobre a estrada, contaram fatos engraçados, curiosos, riram. Então, por fim, ela chorou.
Cada lágrima que rolava pela face da garota expressava um sentimento diferente. A alegria da conquista, a tristeza da despedida, o medo de errar, a vergonha de mostrar tudo isso na frente dele, que também não se conteve e deixou-se levar pelo pranto.
Eles então se abraçaram, e seguiram cada um pro seu caminho.

Obs: Tem algumas repetições de palavras, sugestões são bem vindas.

10 de janeiro de 2008

Desabafo

Meu... É inevitável...
Cada vez que eu saio do meu quarto em direção à cozinha pra pegar um Toddynho, cada vez que eu abro meu violão, cada vez que eu vejo nossas fotos, cada vez que eu choro, cada vez que eu olho pro céu escuro, cada vez que eu ouço uma música romântica qualquer...
É inevitável pensar em como você daria risada, em como você caçoaria de mim, em como você começaria a me encarar sem motivo algum, em como você diria alguma piadinha irônica...
Apesar de aceitar que você não está comigo, aceitar que nosso contato não passa de uma amizade você ainda está em tudo que eu faço, em tudo que eu toco, em tudo que eu vejo, em tudo que eu sinto...
Trocar simples palavras com você me deixa mais feliz, lembrar do seu sorriso me faz sorrir, lembrar de você com as mãos nos olhos de tristeza é como um soco no estômago, ouvir aquela música que você me passou me traz você pra perto...
Talvez eu esteja errada, talvez eu nunca tenha realmente me apaixonado por você, talvez você não mereça tudo isso, talvez nada do que eu escrevi tenha sentido, mas a única certeza que eu tenho é que a falta que você me faz, mesmo que como um amigo ou colega, é grande demais...