9 de maio de 2008

Meu encontro com o poeta, de uma anônima muito especial.


Era uma manhã normal e gélida, como todas as outras que vivera em Lisboa até aquele momento. Caminhava acompanhada de uma senhora pelas ruelas daquela cidade, tentando encontrar a rua certa, na qual encontraria o tão esperado poeta.
Depois de alguns minutos caminhando, com a brisa gelada batendo em meu rosto, encontrei a tão esperada rua que tanto procurava. A princípio, não era nada demais, com suas casas de café e lojas se estendendo calçada adentro. Porém, caminhando em direção ao norte, passei a gostar da rua, que abrigava uma livraria e uma venda de livros usados logo na esquina.
Porém, o que realmente me interessou e me fez abrir um sorriso em meio aquelas pessoas apressadas e mal-humoradas, estava localizado logo no quiosque do número vinte da rua Garret, olhando para o horizonte e parecendo pedra.
Foi assim que encontrei Fernando Pessoa, sentei-me ao seu lado, no quiosque do café A Brasileira e, por alguns instantes, senti uma felicidade irradiar de meu peito.
Só não consegui ser a pessoa mais feliz do mundo pois havia me encontrado com uma estátua, e não com o Fernando Pessoa real. Quem sabe se eu houvesse nascido antes não teria tido este prazer?

2 de maio de 2008

Feriado, chuva, tédio, texto.


Lá fora a rua vazia chora e aqui dentro só me resta um pijama, uma barra de chocolate e um filme "água com açúcar". A chuva coloriu de cinza o céu paulistano de meio de feriado, destruindo as chances de eu sair dessa minha prisão particular. Só me resta então ficar enrolada num cobertor e ligar o DVD. Ou devo dizer, restava. Um galho de árvore resolve tombar na fiação da rua nesse exato momento e a incrível Lei de Murphy começa a brincar na garoa. Olhando pela janela, vejo o pessoal da prefeitura tirar o galho da rede, mas a essas alturas eu já não estou com vontade de assistir ao filme que espera há mais de duas semanas na minha prateleira. Ainda olhando pela janela, percebo que a neblina cobre o topo dos outros prédios e a linha do horizonte. Poucas pessoas passam pela rua, com seus inúteis guarda-chuvas ou capas. A água agora cai de lado, esboçando no vidro da minha janela uma figura impressionista. O frio me deixa com vontade de uma xícara de café, mas o pó acabou e me contento com uma caixinha de Toddynho. A energia elétrica volta a funcionar, me dando a chance de ligar o som e colocar uns CD's velhos pra tocar. Embalada ao som de Caetano, adormeço no sofá da sala.