14 de março de 2009

Sem Consolação

Andar na Paulista naquele dia azul com nuvens brancas e brisa macia, ouvindo o barulho das folhas do parque Trianon e cantarolando "Chega de Saudade" poderia ser mais uma das infinitas cenas em que estava acompanhada por violão, amigos e carteira vazia. Violão talvez não, mas amigos e carteira vazia com certeza.

Mas dessa vez os pés que pisavam a nova calçada da Menina Paulista eram só dois e não no mínimo quatro, como antes. A canção não tinha mais várias vozes descoordenadas, era um só e envergonhado tom que não tinha como antes coragem pra ecoar do peito aberto para os pilares dos imensos edifícios.

Passa o Conjunto Nacional, passa o Center 3, passa o parque, passa o Masp, passa a feirinha, passa o prédio da Fiesp, passa a escadaria da Cásper, passa a Fnac, passa o Itaú, passa o Sesc. E durante o trajeto em linha reta só que não passou reto pela menina foi a saudade, essa menina mais danada que a Menina e que a menina.

2 comentários:

Bruno Capelas disse...

Finalmente um texto com a Paulista de paisagem que não parece um texto de guia turístico , hehe.

Gostei do último parágrafo , a idéia do passa isso passa aquilo deu uma impressão bem foda de como a saudade aumenta com a velocidade da vida moderna/adulta.

"Mas passou o SESC , passou a Paraíso , chegou no Mineiro e deu um oi pro Noa. XD"

Mayara Novais disse...

Muito bonito o texto...Parabéns!

Gostei muito do detalhe das imagens!!

Bjos